
Leonardo Attuch
Leonardo Attuch é jornalista e editor-responsável pelo 247.
Se você acreditava que a constituição brasileira garante o regime democrático, ao deixar bem claro, em seu artigo primeiro, que “todo poder emana do povo”, saiba então que Jair Bolsonaro discorda. Nesta segunda-feira, depois de ser derrotado na ´guerra das vacinas´, ele explicitou que tem uma visão bastante peculiar da democracia. Na sua visão, este não é um direito inalienável dos brasileiros, mas sim uma concessão temporária dos militares, que podem retirá-la de nós a qualquer momento, a seu bel prazer.
Bolsonaro, evidentemente, cometeu mais um crime de responsabilidade. Não apenas porque negou a constituição que prometeu jurar, como também porque voltou a ameaçar o Brasil com um regime autoritário. Não por acaso, o ex-ministro Carlos Ayres Britto, que presidiu o Supremo Tribunal Federal, concedeu nesta segunda-feira uma entrevista premonitória em que defendeu o impeachment justamente porque Bolsonaro representa uma ameaça permanente ao regime democrático. “Pelo artigo 78, o presidente assume o compromisso de observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro. Ou seja, não é representante dos que votaram nele, dos ideólogos que pensam igual a ele. É de todo o povo. Menos incontinência verbal e mais continência à Constituição. A sociedade civil vai entendendo que o regime democrático é para impedir que um governante subjetivamente autoritário possa emplacar um governo objetivamente autoritário”, disse Ayres Britto.
O genocida fala para o gado!